segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Divisão do Tantra



Divisão do Tantra

As escolas "novas" do buddhismo tibetano (Sakya, Kagyü e Gelug) dividem os tantras em quatro categorias, de acordo com a classificação do Vajrapanjara Tantra. As três primeiras categorias são chamadas de "tantras inferiores" por serem práticas preparatórias para a quarta categoria, o "tantra superior":

A. Tantras de Ação (sânsc. Kryia-tantra): são os mais antigos (séculos II-VI) e foram os primeiros a seres traduzidos para o chinês (a partir do século III). Nesta classe, estão os textos que enfatizam o vegetarianismo, ritos e atividades externas de limpeza e purificação, como o Arya-manjushri-mulakalpa, o Subahu-paripriccha Sutra e o Aparimia-ayurjnana-hridaya Dharani.

B. Tantras de Atuação (sânsc. Charya-tantra, Ubhaya-tantra, Upaya-tantra, Upa-tantra): inclui apenas alguns textos, que surgiram a partir do século VI, como o Maha-vairochana-bhisambodhi Tantra. Nesta classe, as atividades externas (vegetarianismo, ritos, atividades externas de limpeza e purificação, gestos simbólicos ou mudras) e internas (meditação ou yoga) são enfatizadas igualmente, com destaque para as práticas meditativas sobre o dhyani-buddha Vairochana.

C. Tantras de União (sânsc. Yoga-tantra): enfatizam a yoga interna, isto é, as práticas meditativas. Os tantras desta categoria também enfatizam uma dieta vegetariana. Os textos desta classe estão ligados ao buddha Vairochana (Sarva-durgati-parishodhana Tantra) e ao bodhisattva Manjushri (Manjushri-nama sangiti).

D. Tantras de União Superior (sânsc. Anuttara-yoga-tantra): enfatizam a prática de yoga interna superior. Esta classe é subdividida em três categorias:

1. Tantras Superiores de União (sânsc. Yogottara-tantra), Tantras de Habilidade (sânsc. Upaya-tantra) ou Tantras Pai (sânsc. Pitri-yoga): são associados ao buddha Akshobhya e à sua consorte, Mamaki. Nesta categoria, estão o Guhyasamaja Tantra e o Yamantaka Tantra.

2. Tantras de Sabedoria (sânsc. Prajna-tantra), Tantra das Praticantes de Yoga (sânsc. Yogini-tantra), Tantras Absolutos de União (sânsc. Yoga-anuttara-tantra ou Yoganinuttara-tantra) ou Tantras Mãe (sânsc. Maitri-tantra): também estão associados ao buddha Akshobhya e sua consorte, porém em seus aspectos irados (sânsc. heruka) e acompanhados por dakinis. Os principais textos desta categoria são o (Heruka Chakra-)Samvara Tantra, o Hevajra Tantra, o Kalachakra Tantra, o Samvarodaya Tantra e o Chanda-maharoshanasa Tantra. Muitos buddhas e textos desta categoria são semelhantes as divindades e textos hindus ligadas a Shiva.

3. Tantra de União Não-dual (sânsc. Advityaya-yoga-tantra): esta é uma categoria especial em que, às vezes, é classificado o Kalachakra Tantra.



- Tantras Externos: correspondem aos três tantras inferiores que foram citados anteriormente

* Tantras de Ação (sânsc. Kryia-tantra)
* Tantras da Atuação (sânsc. Charya-tantra)
* Tantras de União (sânsc. Yoga-tantra)

- Tantras Internos: correspondem respectivamente aos três tantras superiores (Tantras Pai, Tantras Mãe e Tantra Não-dual)

* Tantras de Grande União (sânsc. Maha-yoga Tantra)
* Tantras de Suprema União (sânsc. Anu-yoga Tantra)
* Tantras da Grande Perfeição (sânsc. Ati-yoga Tantra)

domingo, 29 de novembro de 2009

Texto: Purificando a Raiva


 

Purificando a Raiva




S.S. o Dalai Lama diz que os ocidentais não precisam adotar a cultura tibetana para praticar o Dharma: "Você pode comer momos, tomar chá tibetano e usar roupas tibetanas, mas seu nariz ainda é do ocidente." Precisamos procurar o significado do Dharma e não confundi-lo com formas externas e armadilhas culturais. Este desafio os buddhistas ocidentais precisam encarar.

A raiva é destrutiva?

Primeiramente vamos concordar que a raiva é uma emoção destrutiva. Estou levantando este ponto porque algumas pessoas acham que a raiva é construtiva. Elas dizem: "Fulano me roubou. Eu tenho o direito de ficar com raiva. Foi bom que eu lhe dei um fora e o coloquei no seu lugar. Se não fosse por isto, ele iria montar em mim!" Assim, tentam justificar suas raivas.

Se pensarmos assim, não faremos nada a respeito da nossa raiva, porque acharemos que ela é benéfica. Mas, vamos dar uma olhada mais profunda e perguntar, "Quando estou com raiva, estou feliz?" Alguém fica realmente feliz quando está aborrecido, irritado ou furioso?

Ninguém fica. Se nos sentimos infelizes quando estamos com raiva, como é que a raiva pode ser positiva? Qualidades positivas nos trazem felicidade, mas quando estamos com raiva, definitivamente estamos infelizes.

Examinando nossa própria experiência, vemos que a raiva traz muitas desvantagens. Quando estamos com raiva, fazemos e dizemos coisas que mais tarde lamentamos. A raiva nos faz perder o nosso controle, então falamos aos outros com crueldade; e podemos até mesmo ferir fisicamente aqueles a quem amamos. Cada um de nós tem um armazém oculto de eventos em nossas vidas que não gostaríamos de lembrar, porque estamos envergonhados da maneira como agimos naquelas ocasiões.

Às vezes nos indagamos porque os outros não gostam de nós. Pensamos que somos pessoas bastante boas! Mas se vermos a maneira como tratamos os outros, especialmente quando estamos com raiva, então fica claro porque eles não confiam em nós.

Lembre-se de uma situação em que tenha tido raiva. Saia por um momento de seus próprios sapatos e olhe a si mesmo do ponto de vista da outra pessoa. Veja o que disse e o que fez. Você foi uma pessoa querida naquela ocasião? Você foi gentil? Você gostaria de ser seu próprio amigo quando fica irascível?

É bom soltarmos a nossa raiva?

Muitos terapeutas encorajam seus clientes a sentir raiva de coisas que aconteceram muitos anos atrás e a soltar a sua raiva. Mais tarde, quando os terapeutas ou clientes ouvem os ensinamentos buddhistas sobre as desvantagens da raiva, eles perguntam se Buddha defendia a supressão da raiva.

Não, ele não defendia. Suprimir ou reprimir a raiva não acaba com ela, apenas a oculta. Podemos ter um sorriso em nosso rosto, mas se ainda tivermos raiva em nossos corações, não teremos resolvido a raiva. Isto não é praticar a paciência, é ser hipócrita! Além disso, segurar a raiva é doloroso e pode nos prejudicar.

É importante sermos honestos conosco e reconhecermos nossa raiva, ao invés de fingir que ela não existe. No entanto, reconhecer que estamos com raiva é diferente de expressá-la verbal ou fisicamente. Quando soltamos a raiva, nos arriscamos a fazer outras pessoas infelizes. Igualmente, soltar a raiva batendo em almofadas ou gritando em lugares solitários não resolve a hostilidade e a frustração. Isto apenas dissipa temporariamente a energia-raiva. Além do mais, começamos a formar o hábito de gritar ou bater em objetos, o que não é benéfico.

Existem alternativas para os extremos de suprimir a raiva ou soltá-la. O buddhismo defende dissolvê-la, para que ela deixe de existir. Então nossos corações estarão livres de hostilidade e nossas ações não ameaçarão o bem-estar dos outros. Com as mentes claras, podemos então discutir e resolver as situações difíceis com os outros.

Treinando a paciência

O que podemos fazer quando ficamos com raiva? Buddha descreveu uma variedade de técnicas para desenvolver a paciência. Muitas delas são encontradas no Guia para o Modo de Vida do Bodhisattva, do grande sábio indiano Shantideva. O capitulo seis é um dos capítulos mais longos do livro, e ensina como evitar a raiva e cultivar a paciência.
Primeiro, devemos aprender as técnicas para lidar com a raiva. Depois, praticá-las em nossas meditações. Isto ajuda a aumentar a nossa familiaridade e ter confiança nessas novas maneiras de perceber as coisas. Ao praticar estas técnicas em um ambiente pacífico — sentados em nossas almofadas de meditação - construiremos um repertório de meios alternativos de percepção de situações que normalmente nos deixam com raiva.

É importante treinarmos essas técnicas quando não estamos com raiva. É como aprender a dirigir. Não vamos direto à auto-estrada no nosso primeiro dia na auto-escola, porque estamos despreparados e sem habilidade. Ao invés disto, dirigimos ao redor do estacionamento para ficarmos familiarizados com o acelerador, os freios e o volante. Praticando inicialmente num ambiente seguro, seremos capazes de lidar com o carro em situações mais perigosas no futuro.

De maneira semelhante, primeiro praticamos a paciência quando não estamos numa situação de conflito. Fazemos isto através de lembranças de experiências anteriores — situações em que explodimos de raiva, ou eventos que até agora nos deixa hostis ou magoados só em lembrá-los. Depois, aplicamos as técnicas: repassamos um vídeo mental do evento, mas tentamos pensar nele de maneira diferente. Ao rever a situação com uma nova perspectiva, a raiva diminui. Então poderemos também antever a nós mesmos respondendo ao outro de maneira diferente.

Fazer isto não só nos ajuda a dissolver mágoas e rancores passados, mas também nos familiariza com as técnicas que podemos aplicar em situações semelhantes no futuro. Então, sempre que uma situação ocorrer em nossas vidas, e sentirmos nossa raiva surgir, podemos selecionar uma técnica e aplicá-la.

Às vezes, é difícil dissolver nossa raiva mesmo quando estamos num ambiente pacífico, porque ficamos presos nas armadilhas de nossas emoções e conceitos equivocados do passado. Mas se aos poucos aprendermos a subjugá-los, então quando formos ao trabalho, à escola ou às reuniões familiares, teremos boas chances de trabalhar a nossa raiva quando ela surgir. Com uma prática constante, seremos até capazes de evitar que a raiva sequer surja.

Subjugar a raiva é um processo lento e firme. Ao ouvir uma ou duas coisas hoje, não espere que sua raiva se vá para sempre a partir de amanhã. Reagir com raiva é um mau hábito profundamente enraizado, e como todos os maus hábitos, leva tempo para ser removido. Temos de nos esforçar para desenvolvermos a paciência.

Além disso, precisamos aprender a ser pacientes conosco mesmos. Às vezes podemos ficar com raiva de nós mesmos por ter perdido a calma com alguém. "Eu sou tão mau. Eu sou horrível. Eu estou freqüentando há um mês os ensinamentos buddhistas e ainda fico com raiva. O que há de errado comigo?" Pensando assim só compõe o problema. Não somos "culpados, maus ou sem esperança" por ter ficado com raiva. Simplesmente não estamos bem treinados na paciência. Aliás, a paciência é uma qualidade que só podemos desenvolver com prática e tempo.

Além de aumentar nossa paciência, tolerância e sabedoria — qualidades que torna nossas mentes claras — é bom aprendermos a nos comunicar claramente com os outros. Atualmente, as universidades, as empresas e os programas de educação de adultos conduzem aulas de comunicação, treinamento de positividade e resolução de conflitos. Enquanto as técnicas buddhistas ajudam a pacificar a raiva interna, estes cursos ensinam técnicas para ouvir e se expressar eficazmente.
Antídotos para a raiva

Vejamos alguns exemplos examinando meios de como lidar com a raiva. Receber críticas freqüentemente aciona a nossa raiva. Alguém aqui foi criticado hoje? Eu não ficaria surpresa se todos levantassem as mãos. Geralmente, recebemos críticas com facilidade. Nós precisamos trabalhar tanto para conseguir algumas coisas — como dinheiro — mas a crítica vem sem nem se precisar pedir!

Quando somos criticados, normalmente sentimos que somos as únicas pessoas em que os outros descarregam, não é? "Eu faço o melhor que posso, mas o patrão sempre deixa passar as falhas dos outros, e inevitavelmente nota as minhas. Tanta gente implica comigo."

No entanto, conversando com os outros, notaremos que quase todos sentem que foram muito criticados. Não acontece só conosco. Nossos problemas parecem maiores do que os dos outros porque somos muito auto-centrados.

Quando alguém nos critica, nossa reação instantânea é a raiva. O que aciona esta resposta? É a nossa concepção da situação. Embora possamos não estar conscientes disto, nós mantemos o ponto de vista: "Eu sou perfeito. Se cometo erros, eles são pequenos. Esta pessoa não compreendeu nada da situação. Ela está exagerando meu único e pequeno erro e sai gritando a altos brados para o mundo inteiro! Ela está muito errada!"

Esta é uma descrição ultra-simplificada do que está acontecendo dentro de nós, mas se estivermos conscientes, vamos perceber que sentimos assim. Mas estarão certos estes conceitos? Somos perfeitos ou quase perfeitos? Obviamente que não.

Tomemos uma situação onde cometemos um erro e alguém o nota. Agora, se aquela pessoa chegasse e nos dissesse que temos um nariz em nosso rosto, nós ficaríamos com raiva? Não. Por que não? Porque é óbvio que temos um nariz. Está lá para todo mundo ver. Alguém simplesmente o viu e comentou.

É a mesma coisa com nossos erros e defeitos. Eles estão lá, são óbvios, e o mundo os vê. Aquela pessoa só está comentando o que é evidente para ela e para os outros. Porque devemos ficar com raiva? Se não nos aborrecemos quando alguém diz que temos um nariz, porque deveríamos nos aborrecer quando alguém diz que cometemos erros?

Nós ficaríamos mais relaxados aceitando-os. "Sim, você está certo, eu cometi um erro." Ou, "Sim, eu tenho um mau hábito." Ao invés de encenar o ato de "Eu sou perfeito. Como ousa dizer isto?!", podemos simplesmente admiti-lo e nos desculpar. Ao dizer "Eu sinto muito," a situação fica completamente diluída.

É tão difícil dizer "Sinto muito," não é? Achamos que estamos perdendo algo quando nos desculpamos, que diminuímos de valor, que somos menores. Sentimo-nos ligeiramente covardes, e tememos que a outra pessoa terá poder sobre nós porque admitimos nossos erros. Estes temores nos tornam defensivos.

Tudo isto é nossa projeção errada. Sermos capazes de nos desculpar indica nossa força interna. Somos suficientemente fortes e suficientemente honestos e auto-confiantes que não precisamos fingir que não temos defeitos. Podemos admitir nossos erros. Ter defeitos não faz de nós um objeto para a cesta do lixo! Tantas situações tensas podem ser diluídas com simples palavras como "Sinto muito." Muito freqüentemente, tudo que a outra pessoa quer é que reconheçamos a sua dor e o nosso papel nela.

De maneira semelhante, quando os outros nos pedem desculpas, devemos aceitá-las. Este é um dos votos de bodhisattva. Depois que alguém nos pediu desculpas, se continuarmos a guardar rancor, estaremos nos atormentando. Se retaliarmos, o estaremos prejudicando. Qual a utilidade de qualquer coisa dessa? Que tipo de pessoa seremos se encontramos felicidade ao vingativamente impor sofrimento aos outros?

Vamos mudar ligeiramente de situação. Desta vez, somos criticados por algo que não fizemos. Ou cometemos um pequeno erro e a outra pessoa nos acusa de um erro enorme. Mesmo em tais casos, ainda não há motivo para ficar com raiva. É como alguém dizendo que temos chifres em nossas cabeças. Nós não temos chifres. A pessoa que diz isto está simplesmente exagerando a situação. O que ele está dizendo está fora do reino da realidade. Ele cometeu um erro. De maneira semelhante, quando alguém nos culpa injustamente, não há motivo para ficar com raiva ou deprimido, porque o que ele está dizendo é incorreto.

É claro que isto não significa que devemos simplesmente ficar ali passivos, enquanto o outra mente ou exagera, sem fazermos um esforço para corrigir o mal entendido. Cada situação precisa ser examinada separadamente, usando a sabedoria discriminatória. Em alguns casos, é melhor deixar de lado e nem tentar corrigir, nem mesmo depois. Mais tarde, o outro pode perceber seu erro. Mesmo se não percebê-lo, uma discussão ainda maior pode começar se tentarmos explicar o que aconteceu.

Por exemplo, se sua mãe está de mau humor e começa a implicar com você, é melhor deixar isto de lado. Perdoe-a. Se você tentar explicar, como ela já está irritada, ela pode ficar com mais raiva ainda. E estaríamos resmungando com a nossa mãe por ela estar resmungando conosco! Seria uma amolação ficar corrigindo todo mundo toda vez que ele ou ela dissesse algo impreciso. Além disso, ninguém gostaria de nos ter por perto.

Em outras situações, embora possa ser doloroso, devemos explicar ao outro os nossos atos e a evolução do mal entendido. É nossa responsabilidade fazer isto, e assim mitigar a sua raiva.

É melhor discutir o mal entendido ou discordância quando nem nós nem o outro estiver no calor da raiva. Quando estamos com raiva, não nos expressamos bem e isto piora a situação. Se alguém grita conosco, geralmente não ouvimos o que está dizendo simplesmente porque esta maneira de falar nos desagrada. De forma semelhante, se falarmos aos outros com raiva, eles também não prestarão atenção em nós. Portanto, precisamos primeiro nos acalmar praticando alguma das técnicas de pacificar a raiva.

Em segundo lugar, quando a outra pessoa está com raiva, ela não ouve o que estamos dizendo. Nós não ouvimos os outros quando estamos inflamados porque naquele momento estamos dominados pela raiva. De maneira semelhante, deixe o outro se acalmar e aproxime-se dele mais tarde quando sua mente estiver mais aberta.

Ao explicarmos nossos atos e a evolução do mal entendido à outra pessoa, será muito mais eficaz falar gentilmente do que com antagonismos. Não temos nada a perder sendo humildes e oferecendo uma explicação honesta. Aliás, para as pessoas que têm os votos de bodhisattva, é nossa obrigação aliviar os sofrimentos daqueles que estão com raiva da gente. É cruel dizer com arrogância: "A sua raiva é problema seu," e ignorar alguém com que discutimos.

Assim, recordar o exemplo do nariz e dos chifres é um antídoto contra a raiva.

Agindo ou relaxando

Uma outra técnica é também simples. Digamos que estamos numa situação horrível. Se pudermos corrigi-la, para que ficar com raiva? Podemos agir, podemos mudá-la. Por outro lado, se não pudermos alterar uma situação, para que ficar com raiva? Não há nada a ser feito, portanto estaremos melhor aceitando a situação e relaxando. Ficar agitado só aumenta o sofrimento que já está lá.

Esta técnica também é boa para as pessoas que se preocupam demais. Pergunte a si mesmo, "Eu posso fazer alguma coisa com relação a esta situação?" Se a resposta for sim, então não há necessidade de se preocupar. Aja. Se a resposta for não, novamente a preocupação é inútil. Relaxe e aceite a situação.

Causa e Efeito

Uma outra técnica para neutralizar a raiva é examinar como chegamos a nos envolver na situação desagradável. Muitas vezes sentimos que somos vítimas inocentes de pessoas injustas. "Pobre de mim, sou inocente. Não fiz nada e agora esta pessoa sórdida está se aproveitando de mim!"

Isto é uma mentalidade de vítima, não é? Quando ficamos com raiva, nos fazemos de vítimas. A outra pessoa não pode nos fazer de vítima. Não somos vítimas da raiva do outro. Somos vitimas de nossa própria raiva. Uma outra pessoa pode nos culpar, mas só nos tornamos vítimas quando concebemos a situação de uma certa maneira e depois ficamos com raiva daquilo que projetamos. O significado disto é muito profundo. Vejamos isto com mais profundidade.

"Pobre de mim! Eu não perturbei ninguém e agora estas pessoas estão descarregando em mim" Estará correta essa interpretação de nossa experiência? Ao invés de perder imediatamente a nossa calma e culpar o outro, vamos reconhecer que esta situação é um surgimento dependente. Ela depende tanto da outra pessoa quanto de nós.

Primeiro, vamos olhar para ver o que fizemos nesta vida para encontrar pessoas que nos tratam mal. Como entramos nesta situação? O que fizemos que aborreceu o outro para ele agir assim conosco? Precisamos ser muito honestos conosco. Talvez não sejamos tão inocentes assim. Talvez estivéssemos tentando manipular o outro e ele não caiu. Ele ficou aborrecido e agora nós bancamos o magoado e ofendido. Mas na realidade, nosso próprio comportamento fez surgir aquela situação.

Sendo introspectivos, notaremos nossos defeitos e poderemos corrigi-los. Então não vamos nos encontrar em tais situações desagradáveis no futuro.

Isto significa que nós assumimos a responsabilidade por estar naquela situação, independente do fato de a outra pessoa estar fazendo um alarde indevido, ou não. Reconhecendo nossos erros, ou motivações erradas, ficamos cientes de como o nosso comportamento afeta os outros. Evitando o comportamento destrutivo no futuro, não faremos com que o outro seja ativado para nos ferir.

Isto é só olhando ao que fizemos nesta vida para acionar o evento. Vamos agora olhar de uma perspectiva mais ampla, no curso de muitas vidas. Isto nos leva ao tópico do karma — ações intencionais. Nossas ações deixam marcas em nossa consciência. Estas marcas mais tarde amadurecem e influenciam as nossas experiências.

O que vivenciamos agora é resultado daquilo que fizemos em vidas passadas. Digamos que alguém esteja nos batendo. Isto significa que em vidas anteriores fizemos mal aos outros. Para experimentar aquele efeito agora, temos de ter feito algo anteriormente. Karma — ação e seu resultado — é como um bumerangue. O lançamos e ele volta até nós. Similarmente, se tratamos os outros de uma certa maneira, estamos colocando aquela energia no universo — e mais tarde ela retorna até nós.

Compreendendo isto nos permite aceitar a responsabilidade pela situação. Não somos vítima. Prejudicamos muitas outras pessoas no passado —— até mesmo nesta vida podemos ver que não temos agido como anjinhos. Ferimos os sentimentos dos outros, chutamos cachorros, quando éramos crianças brigamos com outras crianças no playground.

Agora estamos experimentando o resultado destes atos. Não há surpresa alguma: as marcas de nossas próprias ações negativas estão amadurecendo. Ao reconhecer isto, veremos que não há motivo para ficar com raiva da outra pessoa. Ela é apenas a condição cooperativa, enquanto nós criamos a causa principal para estarmos nesta situação.

Não interprete isto mal e masoquistamente, nem se culpe por tudo. É uma maneira extrema de pensar: "Eu sou uma pessoa horrível. Todos podem me bater e tirar vantagem de mim porque isto é tudo o que mereço." Tal ponto de vista é completamente incorreto.

Ao contrário, é melhor reconhecer, "Sim, eu feri aos outros no passado. Agora o resultado está voltando a mim. Se eu não gosto desta experiência, então tenho de ser cuidadoso ao agir com as outras pessoas para que eu não crie a causa para novamente encontrar situações dolorosas como esta."

Assim, aprenderemos com nossos erros. Não é importante lembrarmos exatamente qual foi a nossa ação numa vida passada que resultou em nossos problemas atuais. Uma sensação geral dos tipos de ações que devemos ter feito no passado para precipitar a ocorrência presente é suficiente. Depois, podemos fazer uma forte determinação para não repetir tais ações no futuro.

Quem estiver interessado em aprender mais sobre o karma e seus efeitos, deve ler o livro A Roda das Armas Afiadas de Dharmarakshita. Este pequeno livro explica os elos entre nossas experiências atuais e nossos atos passados. Ele também nos encoraja a abandonar a atitude egoísta que nos leva a agir negativamente.

Treinando-nos a pensar assim, podemos transformar más situações no caminho da iluminação. Como? Pensando nessas situações de maneira construtiva; aprendemos com nossos erros ao invés de cair na armadilha da mentalidade de vitima.

A bondade do inimigo

Quanto mais treinarmos assim, mais perceberemos que as pessoas que nos fazem mal são de fato muito boas. Primeiro, ao nos causar danos, elas permitem que nosso karma negativo amadureça. Agora aquele karma específico acabou! Em segundo lugar, ao nos fazer mal, elas nos forçam a examinar nossas ações e a tomar decisões firmes quanto a como queremos agir no futuro. Assim, aquele que nos prejudica está nos ajudando a crescer. Ele é mais bondoso do que nossos amigos!

De fato, os inimigos são mais bondosos conosco do que o Buddha. Isto é quase inconcebível. "O que quer dizer meu inimigo é mais bondoso comigo do que o Buddha? O Buddha tem compaixão perfeita por todos. O Buddha não prejudica uma mosca! Como pode o meu inimigo que é um grande blá blá blá ser mais bondoso do que o Buddha?"

Veja isto da seguinte forma: para sermos buddhas, precisamos praticar a paciência. Esta é uma das atitudes de grande alcance (paramita) e é uma prática muito importante para os bodhisattvas. Não há como tornarmo-nos buddhas se não conseguirmos ser pacientes e tolerantes.

Com quem praticamos a paciência? Não com os buddhas, porque eles não nos deixam com raiva. Não com os nossos amigos, porque eles são bons para nós. Quem nos dá a oportunidade de praticar a paciência? Quem é tão bondoso e nos ajuda a desenvolver aquela qualidade infinitamente boa da paciência? Somente aquele que nos faz mal. Somente nosso inimigo. Portanto, o inimigo é muito mais bondoso conosco do que o Buddha.

Meu mestre deixou isto bem claro para mim. Certa vez, eu era vice-diretora de uma empresa. O diretor e eu não nos dávamos bem. É por isso que eu conheço bem o Capítulo Seis do Guia para o Modo de Vida do Bodhisattva. Num dia, eu fiquei com muita raiva desta pessoa, e de noite eu voltei ao meu quarto e pensei, "Eu estourei novamente! O que Shantideva sugere que eu pense nesta situação?"

Finalmente, eu larguei aquele emprego. Fui ao Nepal e encontrei meu mestre, Zopa Rinpoche. Estávamos sentados na varanda da casa de Rinpoche, olhando os Himalayas, tão pacíficos e calmos. Então Rinpoche me perguntou, "Quem é mais bondoso para você, Sam ou o Buddha?"

Eu pensei, "Ele deve estar brincando! Não há como comparar. Obviamente o Buddha é muito bom. Mas Sam é um outro caso." Então eu respondi, "O Buddha, é claro."

Rinpoche olhou para mim como que dizendo, "Você ainda não entendeu!" e disse, "Sam lhe deu a oportunidade de praticar a paciência. O Buddha, não. Você não pode praticar a paciência com o Buddha. Portanto, Sam é mais bondoso com você do que o Buddha."

Eu fiquei sentada lá emudecida, tentando digerir o que Rinpoche disse. Lentamente, quanto os anos se passaram, a coisa entrou. É interessante ver a si mesmo mudar quando você se permite pensar assim.

Portanto, esta é outra maneira de pensar quando estamos com raiva: focalize na bondade do inimigo, e pense na oportunidade de praticar a paciência. Tome as más situações como um desafio para ajudá-lo a crescer.
Dando a dor

Outra técnica é dar o dano e a dor ao nosso pensamento egoísta, que é o nosso verdadeiro inimigo. À medida em que nos tornamos mais conscientes de nossos pensamentos e ações, como eles influenciam os outros e a nós mesmos, notamos que nossa atitude egoísta causa muitos problemas. Impulsionados pelo egoísmo, falamos e fazemos coisas que ferem os outros, coisas do que mais tarde nos envergonhamos. Quase todos os conflitos que temos com os outros envolve o nosso egoísmo: queremos as coisas do nosso jeito, a outra pessoa quer do seu jeito. Estamos convencidos de que nossa idéia é a certa, e a outra pessoa está convencida de que está certa. Além disto, a atitude egoísta é um dos maiores empecilhos para as realizações espirituais porque nos torna preguiçosos em nossa prática do Dharma.

Assim, o verdadeiro inimigo que obstrui a nossa felicidade e bem-estar é a atitude de auto-estima egoísta. Precisamos estar firmemente convencidos disto. Quando alguém nos critica, ou nos trai, ou nos dá uma surra, ficamos feridos e com raiva. Sentimos, "Como esta pessoa ousa me tratar assim!" Esta atitude vê o caso só de nossa própria perspectiva. Estou preocupado comigo, com os meus sentimentos, o que está acontecendo comigo. No entanto, esta atitude egoísta não é inerentemente nós. É como um ladrão dentro de uma casa. Podemos expulsá-lo quando reconhecermos que é perigoso.

Estando convencidos das desvantagens da atitude egoísta, podemos então tomar qualquer dor que experimentamos e dá-la à atitude egoísta. Ao invés de sentir, "Isto é horrível. Eu não gosto de ouvir o que esta pessoa está dizendo," podemos pensar, "Que bom! Toda esta a dor e sentimento de desconforto eu darei à minha atitude egoísta. Este é o verdadeiro inimigo, portanto que ela leve a culpa." Depois podemos sutilmente dar risada, "Ha, ha, atitude egoísta. Ao invés de deixar que me faça infeliz, eu lhe darei esta dor e preocupação!"

Se praticarmos isto com sinceridade, então quando alguém nos criticar ou prejudicar, estaremos felizes. Isto não é porque somos masoquistas, mas porque damos o dano ao verdadeiro inimigo, que é nosso próprio egoísmo. Não precisamos nos aborrecer mais. Além disto, nosso inimigo, a atitude egoísta, está sofrendo, portanto devemos nos alegrar.

Então, quanto mais alguém nos prejudica, mais felizes estaremos. Aliás, pensaremos, "Venha, me critique um pouco mais. Eu quero que minha atitude de auto-estima egoísta seja prejudicada." Esta é uma técnica profunda de treinamento do pensamento. A primeira vez que eu a ouvi, pensei, "Isto é impossível! O que é isso de que eu devo ficar feliz quando alguém me critica? Como é que poderei praticar isto?"

Gostaria de compartilhar com vocês uma estória de experiência pessoal, quando eu praticava assim em certa ocasião. Foi memorável! Eu estava no Tibet, numa peregrinação com outras cinco pessoas até Lhamo Lhatso, o famoso lago a 18.000 pés. Como o lago é muito remoto, fomos até lá a cavalo. Havia algo de errado com o cavalo de uma das pessoas, então tivemos de andar e guiar o cavalo pelas rédeas. Henry estava com fome e cansado da longa viagem e devido à elevada altitude. Além disso, ele tinha de andar a pé ao invés de a cavalo. Como eu estava me sentindo bem, ofereci-lhe o meu cavalo.

Bem, Henry estourou. E, como no caso quando as pessoas ficam com raiva, se lembram de tudo que você já fez de errado nos últimos dez anos. Ele me disse todos os meus defeitos de anos atrás, todos os problemas que eu causei a outras pessoas e dos boatos que ele havia ouvido, todos os meus erros!

Cá estávamos neste local idílico no Tibet, numa peregrinação a um local sagrado, e ele lá falando e falando, "Você fez isto e você fez aquilo. Então muitas pessoas reclamam de você".

Geralmente, eu sou muito sensível à critica e facilmente me magôo. Então, eu decidi, "Darei toda esta dor à minha atitude de auto-estima egoísta." Eu meditei assim enquanto andávamos, e muito para minha surpresa, comecei a pensar, "Isto é bom! Eu realmente acolho a sua crítica. Aprenderei com ela. Obrigado por me ajudar a consumir o meu karma negativo dizendo-me os meus defeitos. Toda dor vai para a minha atitude egoísta porque este é o meu verdadeiro inimigo."

Foi surpreendente! Enquanto continuávamos pelas trilhas das montanhas, eu senti, "Diga mais. Isto é realmente bom!" Finalmente, paramos para acampar à noite e fizemos chá. Minha mente estava completamente em paz. Acho que isto foi uma benção da peregrinação. Isto me provou que é possível ser feliz quando coisas indesejáveis acontecem. Eu não precisei cair em meu velho hábito de "Pobre de mim! Os outros não gostam de mim."

É da natureza da pessoa ser desagradável?

Há ainda mais uma técnica para evitar a raiva quando alguém nos prejudica. Perguntamos a nós mesmos, "A natureza desta pessoa é a de nos prejudicar?" Se a natureza da pessoa é prejudicial e odiosa, então é inútil ficar com raiva. Seria como ficar com raiva do fogo porque sua natureza é de queimar. É assim que o fogo é; é assim que esta pessoa é. Não tem sentido se aborrecer com isto.

De forma semelhante, se a natureza da pessoa não é prejudicial, então não adianta ficar com raiva. Seu comportamento sem consideração foi uma casualidade; não é a sua natureza verdadeira. Quando chove, não ficamos com raiva do céu, porque as nuvens não são da natureza do céu.

De um lado, podemos dizer que a natureza dos outros é a de criticar, achar defeitos e culpar. Eles são seres sencientes presos na prisão da existência cíclica, então naturalmente suas mentes estão obscurecidas pela ignorância, raiva e apego. Nossas mentes também estão. Se a situação for esta, então porque esperar que nós ou os outros estejamos livres de conceitos equivocados e emoções negativas? Não há motivo para ficar com raiva deles por causarem danos, assim como não há motivo para ficar com raiva do fogo porque ele queima. É exatamente assim que eles são.

Por outro lado, a natureza mais profunda da pessoa que lhe faz mal não é ser prejudicial. Ela tem o puro potencial de Buddha, sua bondade intrínseca. Esta é a sua verdadeira natureza. Seu comportamento odioso é como uma nuvem de trovoada que obscurece temporariamente o céu claro. Aquele comportamento não é ele, então para que ficarmos infelizes sendo impacientes? Pensando assim ajuda muito.

Precisamos aplicar estas técnicas às situações reais. Em nossa meditação diária, podemos puxar as experiências dolorosas de nossa memória e olhá-las sob esta luz. Todos nós temos um reservatório de memórias dolorosas ou rancores que ainda guardamos contra os outros. Ao invés de suprimi-los, é bom puxá-los para fora e interpretar aquelas situações usando alguns dos métodos acima. Assim, deixaremos de ter sentimentos dolorosos e ressentimentos.

Se não fizermos isto, poderemos ter rancores por 20 ou 30 anos. Nunca esquecemos o mal que recebemos e nos tornamos infelizes quando guardamos cuidadosamente estas memórias. Por exemplo, durante o primeiro retiro de purificação que eu fiz na Índia, eu percebi que ainda estava com raiva de minha professora do segundo ano primário porque ela não me deixou participar do teatrinho da classe. Isto tinha acontecido há mais de 20 anos e eu ainda não a havia perdoado!

As famílias são muito boas em guardar rancores. Eu conheço uma família grande que possui duas casas num mesmo terreno. As casas foram compradas juntas como casas de campo. Certa vez, as pessoas de uma casa brigaram com seus irmãos e primos na outra casa, e desde então deixaram de se falar. Há mais de quarenta anos, decidiram que se odeiam e não se falam pelo resto da vida. As famílias ainda vão até lá nos feriados, mas não se falam. É meio ridículo, não é?

Vejamos os rancores que ainda guardamos durante anos: um pequeno incidente acontece — alguém não veio a um casamento ou funeral, ou alguém riu de nós, ou alguém nos embaraçou na frente dos outros — e juramos nunca mais falar ou ser gentil com aquela pessoa enquanto vivermos. Guardamos este tipo de voto tão perfeitamente, e no entanto achamos difícil guardar os votos de não mentir ou roubar.

Durante anos ficamos com raiva de outra pessoa. Mas quem sai perdendo? Quem fica infeliz? Quando guardamos um rancor, a outra pessoa não fica infeliz. Ela geralmente já esqueceu o incidente. Mesmo numa situação mais séria, por exemplo um divórcio, o outro pode ter se desculpado pelo que fez. Mas em ambos os casos, nos apegamos ao mal como estivesse gravado na pedra. Certa vez alguém nos xingou, mas repassamos esta memória em nossas mentes dia após dia, e revivemos o mal vez após vez. Isto é uma excelente forma de auto-tortura.

Guardar rancor não serve a nenhum propósito produtivo. Como um câncer mental, os rancores nos consomem. Enquanto guardarmos ressentimentos, nunca poderemos perdoar aos outros. Mas a nossa falta de perdão não fere o outro, mas sim a nós mesmos.

Porque é tão difícil perdoar os erros dos outros? Nós também cometemos erros. Vendo o nosso próprio comportamento, notamos que algumas vezes fomos vencidos pelas emoções negativas e agimos de modo que mais tarde nos arrependemos. Queremos que os outros compreendam e perdoem os nossos erros. Porque então não podemos perdoar aos outros?

Podemos, é claro, perdoar alguém sem sermos ingênuos. Podemos perdoar um alcoólatra por estar bêbado, mas isto não significa que esperamos que ele deixe de beber imediatamente. Podemos perdoar uma pessoa por nos ter mentido, mas no futuro, pode ser prudente ter cuidado e verificar suas palavras. Pode-se perdoar um cônjuge por ter tido uma relação extraconjugal, mas não se deve ignorar os problemas conjugais que levaram o outro a buscar companhia em outro lugar.

Para ter um coração livre e aberto, precisamos fazer uma faxina interna; precisamos tirar todos aqueles rancores, ver a dor, mas sem repassar o mesmo vídeo de auto-piedade em nossas mentes. Podemos ver estas situações de uma perspectiva nova, empregando as diversas técnicas para dissolver a raiva que foram descritas acima.

Assim, soltaremos a hostilidade que estivemos carregando em nossos corações durante anos. Além disso, ganharemos familiaridade com as técnicas de forma que poderemos rapidamente recordá-las quando incidentes semelhantes acontecerem em nossas vidas diárias.
A outra pessoa está feliz?

Mais uma técnica para a raiva é perguntarmo-nos, "A pessoa que está fazendo mal a mim está feliz?" Alguém está gritando comigo, reclamando de tudo que eu faço. Ele está feliz, ou está se sentindo miserável? Obviamente, ele está se sentindo infeliz. É por isso que está agindo assim. Se estivesse feliz, não estaria discutindo.

Todos nós sabemos o que é ser infeliz. É exatamente assim que esta pessoa está se sentindo agora. Vamos nos colocar em seu lugar. Quando estamos infelizes e "colocando tudo para fora," como gostaríamos que os outros reagissem? Geralmente, queremos que nos compreendam, que nos ajudem.

É assim que esta pessoa está-se sentindo. Então, como poderemos ter raiva dela? Ela deveria ser objeto de nossa compaixão, não de nossa raiva. Se pensarmos assim, veremos o nosso coração cheio de paciência e bondade-amorosa pelo outro, não importa como ele age conosco.

Nossas atitudes mudam, porque ao invés de ver a situação de nosso próprio ponto de vista auto-centrado — o que alguém está fazendo comigo — se nos colocarmos no lugar da outra pessoa, vamos experimentar a sua dor, sentir a sua vontade de ser feliz. Vendo que em essência o outro é exatamente como nós somos, é fácil pensar, "Como eu posso ajudá-lo?" Tal atitude não só evita que fiquemos aborrecidos, mas também nos inspira a aliviar o sofrimento do outro.

Várias técnicas foram aqui discutidas para ajudar a dissolver a nossa raiva. Vamos revê-las:

  1. Lembre o exemplo de alguém dizendo que temos um nariz ou que temos chifres. Podemos reconhecer nossos erros e defeitos, assim como reconhecemos que temos um nariz no rosto. Não há necessidade de ficar com raiva. Por outro lado, se alguém nos culpa por algo que não fizemos, é como se tivesse dito que temos chifres em nossa cabeça. Não há motivo para ficar com raiva de algo que não é verdadeiro.
  2. Pergunte a si mesmo, "Eu posso fazer algo sobre isto?" Se puder, então a raiva não tem sentido porque você pode melhorar a situação. Se não puder
    mudar a situação, a raiva é inútil porque nada pode ser feito.
  3. Examine como se envolveu na situação. Isto tem duas partes:

    a) Que ações você cometeu recentemente para instigar o desacordo? Examinar isto ajuda a compreender porque a outra pessoa está aborrecida.

    b) Reconheça que situações desagradáveis são devidas ao fato de termos causado mal aos outros anteriormente nesta vida ou em vidas prévias. Vendo nossas próprias ações destrutivas como causa principal, podemos aprender com os erros passados e decidir agir melhor no futuro.
  4. Lembre-se da bondade do inimigo. Primeiro, ele aponta nossos erros de forma que podemos corrigi-los e melhorar nosso caráter. Em segundo lugar, ele nos dá a oportunidade para praticar a paciência, uma qualidade necessária ao nosso desenvolvimento espiritual. Nessas maneiras, o inimigo é mais bondoso conosco do que nossos amigos ou até mesmo o Buddha.
  5. Dê a dor à sua atitude egoísta reconhecendo que o egoísmo é como que a fonte de todos os nossos problemas.
  6. Pergunte a si mesmo, "A natureza desta pessoa é agir assim?" Se for, então não há razão para ter raiva, porque seria como ficar aborrecido com o fogo por estar queimando. Se não for a natureza da pessoa, novamente a raiva é irrealista, porque seria como ficar com raiva do céu por estar com nuvens.
  7. Examine as desvantagens da raiva e de guardar rancor. Isto dá uma tremenda energia para soltar estas emoções destrutivas.
  8. Reconheça que a infelicidade e confusão da outra pessoa está fazendo com que ele ou ela nos façam mal. Como sabemos o que é ser infeliz, podemos ter simpatia com esta pessoa. Assim, esta pessoa se torna objeto de nossa compaixão, não objeto de nossa raiva.
Se estas técnicas funcionarão para nós ou não vai depender de nós mesmos. Temos de praticá-las repetidamente para construir novos hábitos emocionais e mentais. Guardar o remédio na gaveta sem tomá-lo não vai curar a doença. De forma semelhante, apenas ouvir os ensinamentos sem colocá-los em prática não vai diminuir a nossa raiva. A nossa paz de espírito é de nossa responsabilidade.

Perguntas e respostas

Ser paciente com as pessoas que nos prejudicam significa ser passivo? Precisamos deixar que prevaleçam suas opiniões ou deixar que nos pisem?

Não. Podemos corrigir uma má situação sem antagonismos. Aliás, seremos mais efetivos agindo assim, quando estivermos calmos e com o pensamento claro.

Às vezes precisaremos ter de falar com alguém com firmeza porque esta é a única maneira de nos comunicar com esta pessoa. Por exemplo, se sua filha está brincando na rua e você diz muito docemente, "Susie querida, por favor não brinque na rua," ela pode ignorá-lo. Mas se falar com firmeza e explicar-lhe o perigo, ela se lembrará e obedecerá.

Como um entusiasta do esporte, não será boa a raiva porque nos ajuda a ganhar o jogo? O esporte é uma boa maneira de soltar a raiva?

Sim, o esporte é uma maneira socialmente aceitável para soltar a raiva. No entanto, não cura a raiva, só libera temporariamente a energia física que acompanha a raiva. Mas, ainda estaremos evitando o verdadeiro problema, isto é, nossas emoções perturbadoras e conceitos equivocados com relação a uma situação.

Sim, a raiva pode ajudá-lo a ganhar o jogo, mas será isto realmente benéfico? Vale a pena reforçar esta característica negativa só para receber um troféu? O perigo no esporte é tornar o "nós e eles" muito concreto. "O meu time deve vencer. Temos de lutar e derrotar o inimigo."

Mas, vamos recuar um momento. Porque deveríamos ganhar e o outro time perder? A única razão é a seguinte, "Meu time é melhor porque é meu." O outro time sente a mesma coisa. Quem está certo? A competição baseada em tal auto-centrismo não é produtiva porque gera raiva e ciúme.

Por outro lado, podemos nos concentrar no processo de jogar o jogo, e não no alvo de vencer. Neste caso, apreciaremos o exercício físico, a camaradagem e o espírito de equipe, seja vencendo ou perdendo. Psicologicamente, esta atitude traz mais felicidade.

Como devemos lidar com a raiva ao testemunhar uma pessoa prejudicando a outra?

Todas as técnicas descritas acima se aplicam aqui. No entanto, ser paciente não significa ser passivo. Podemos ter de agir para impedir que uma pessoa faça mal à outra, mas a chave é fazer isto com compaixão imparcial por todos na situação.

É fácil ter compaixão pela vítima. Mas a compaixão pelo criminoso é igualmente importante. Esta pessoa está criando a causa para o seu próprio sofrimento: mais tarde ele pode ser torturado pela culpa, ele pode ter problemas com a lei, e ele colherá os frutos kármicos de suas próprias ações. Reconhecendo os sofrimentos que ele está trazendo para si mesmo, poderemos desenvolver a compaixão por ele. Assim, com preocupação igual pela vítima e pelo criminoso, podemos agir para evitar que uma pessoa faça mal a outra.

Não precisamos estar com raiva para corrigir um erro. As ações movidas pela raiva podem complicar ainda mais a situação! Com uma mente clara, somos capazes de determinar mais facilmente o que podemos fazer para ajudar.

Como posso ajudar alguém que esteja criando karma negativo tendo raiva de mim?
Cada situação é diferente e deve ser examinada separadamente. No entanto, algumas linhas gerais podem ser aplicadas. Primeiro, devemos verificar se a queixa do outro a nosso respeito se justifica. Se sim, podemos nos desculpar e corrigir a situação. Isto cessa a raiva do outro.

Em segundo lugar, quando alguém está muito aborrecido ou com raiva, tente acalmá-lo. Não argumente, porque no seu atual estado mental, ele não pode ouvi-lo. Isto é compreensível: nós não ouvimos os outros quando estamos temperamentais. Portanto, é melhor ajudá-lo a se acalmar e mais tarde, talvez no dia seguinte, conversar.

O que devemos fazer quando as pessoas criticam o buddhismo?

Isto é opinião deles. Eles têm o direito de tê-la. É claro que não concordamos com eles. Às vezes podemos conseguir corrigir o conceito equivocado do outro, mas às vezes as pessoas têm a mente muito estreita e não querem mudar suas opiniões. Isto é assunto deles. Simplesmente esqueça.

Não precisamos da aprovação dos outros para praticar o Dharma. Mas precisamos estar convencidos em nossos corações de que o que fazemos é certo. Se estivermos convencidos, então as opiniões dos outros não são importantes.

A critica dos outros não prejudica o Dharma ou o Buddha. O caminho da iluminação existe, quer os outros o reconheçam ou não. Nós não precisamos ficar defensivos. Aliás, se ficarmos agitados quando os outros criticam o buddhismo, isto indica que estamos apegados às nossas crenças, que nosso ego está envolvido e portanto sentimos compelidos a provar que nossas crenças estão certas.

Quando estamos seguros daquilo que acreditamos, as críticas dos outros não perturbam a nossa paz. Porque deveriam? Críticas não significam que nossas crenças estejam erradas, nem significa que nós somos estúpidos ou maus. É simplesmente a opinião de uma outra pessoa, só isso.

O buddhismo tibetano tem muitas imagens de divindades iradas. O que isto significa?

Estas divindades ou figuras de buddhas são manifestações da sabedoria e compaixão do Buddha. Sua ferocidade não é dirigida aos seres viventes, porque como buddhas, eles só têm compaixão pelos outros. Ao contrário, sua força é dirigida à ignorância e ao egoísmo, que são as verdadeiras causas de todos os nossos problemas.

Ao mostrar um aspecto feroz, essas divindades demonstram a necessidade de agir rapidamente e com firmeza contra a nossa ignorância e nosso egoísmo. Não é nada benéfico ser pacientes com os nossos inimigos internos, que são as atitudes perturbadoras. Devemos nos opor ativamente contra isto. Essas divindades ilustram que, ao invés de ficarmos irados com os outros seres, devemos ser ferozes com os inimigos internos, como a ignorância e o egoísmo.

Além disso, como manifestações da sabedoria compassiva, estas divindades representam simbolicamente a sabedoria compassiva conquistando as atitudes perturbadoras.

Como identificar a nossa raiva?
Existem diversas maneiras de fazer isto. Quando fazemos a meditação com a respiração — claramente focalizando o ar ao inalar e exalar, observe que distrações surgem. Podemos reconhecer uma sensação geral de agitação ou raiva. Ou podemos lembrar de uma situação de anos atrás que ainda nos irrita. Ao notar estas distrações, saberemos o que precisamos trabalhar.

Podemos também identificar nossa raiva ficando cientes de nossas reações físicas, estejamos meditando ou não. Por exemplo, se sentirmos nosso estômago apertando, ou a temperatura de nosso corpo aumentando, pode ser um sinal de que estamos começando a perder a nossa calma. Cada pessoa tem manifestações físicas diferentes da raiva. Podemos ser observadores e notar as nossas. Isto é útil, porque às vezes é mais fácil identificar as sensações físicas que acompanham a raiva do que a própria raiva.

Uma outra maneira é observar nossos humores. Quando estamos de mau humor, podemos dar uma pausa e nos perguntar, "O que é esta sensação? O que a instigou?" Às vezes podemos observar padrões em nossos humores e comportamentos. Isto nos dá uma pista de como nossa mente opera.

O que podemos fazer com a raiva que vem se acumulando há muito tempo?
Levará um tempo para libertar nossa mente disto. A raiva habitual deve ser substituída pela paciência habitual, e isto leva tempo e esforço consistente para ser desenvolvido. Quando notamos que nossa raiva está crescendo com relação a alguém, é bom perguntarmo-nos, "Que botão esta pessoa está apertando em mim? Porque fico tão irritado com seus atos" Assim, pesquisamos nossas reações para determinar a verdadeira questão do assunto. Nos sentimos impotentes? Nos sentimos que ninguém nos ouve? Estamos ofendidos? Observando nesse sentido, vamos nos conhecer melhor e podemos então aplicar o antídoto correto àquela atitude perturbadora. É claro que prevenir é o melhor remédio. Ao invés de deixar a sua raiva crescer durante um longo tempo, é melhor ser corajoso e tentar se comunicar com a outra pessoa mais cedo. Isto acaba com a proliferação de conceitos equivocados e mal entendidos. Se deixarmos nossa raiva crescer durante um tempo, como poderemos pôr a culpa na outra pessoa? Nós temos alguma responsabilidade de tentar nos comunicar com a pessoa que nos perturba.

Dedicação

Vamos agora dedicar o potencial positivo que acumulamos para que todos os seres tenham mentes pacificas, livres de hostilidade. Ao praticar a paciência, possamos dissipar a nossa própria raiva, e assim, possamos ser capazes de ensinar aos outros e inspirá-los a se transformarem em buddhas pacíficos.
(Adaptado de um texto traduzido e divulgado pelo Centro Shiwa Lha.)


Fonte: http://www.dharmanet.com.br/vajrayana/raiva.htm


sábado, 28 de novembro de 2009

Frase - B.K.S. Iyengar



"O Yoga é como a música: o ritmo do corpo, a melodia da mente e a harmonia da alma criam a sinfonia da vida."

B.K.S. Iyengar

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Mandala



Em sânscrito, a palavra a palavra mandala (tib. kyilkhor / dkil 'khor, jap. mandara) significa círculo. No buddhismo Vajrayana, mandala refere-se a um tipo de diagrama (sânsc. yantra) simbólico de uma mansão sagrada, o palácio de uma divindade meditacional, a dimensão pura da mente iluminada. Geralmente, as mandalas são pintadas como thangkas, representadas tridimensionalmente em madeira ou metal ou construídas com areia colorida sobre uma plataforma. Neste último caso, a mandala é desfeita após algumas cerimônias e a areia é jogada em um rio próximo, para que as bênçãos se espalhem. A dissolução de uma mandala serve também como exemplo da impermanência.

As mandalas são muitas vezes constituídas por uma série de círculos concêntricos, cercados por um quadrado que, por sua vez, é cercado por outro círculo. O quadrado possui um portão no centro de cada lado, o principal voltado para o leste, com outras três entradas em cada ponto cardeal. Eles representam entradas para o palácio da divindade principal e são baseados no desenho do templo indiano clássico de quatro lados. Tais mandalas são plantas elaboradas do palácio, visto de cima. Os portais, porém, muitas vezes são "deitados", assim como os muros externos. Estes portais são elaboradamente decorados com símbolos tântricos. A arquitetura da mandala representa tanto a natureza da realidade como a ordem de uma mente iluminada. [...]
A divindade central representa o estado da iluminação [...] e as várias partes do palácio indicam os aspectos chave da personalidade iluminada. As divindades iradas representam as próprias emoções negativas — como a raiva, o ódio, o desejo e a ignorância — transmutadas na consciência iluminada de um buddha.
(John Powers, Introduction to Tibetan Buddhism)
Na suprema experiência da mandala, as cores e formas são simples metáfora. Naturalmente, se percebermos uma paixão muito forte e intensa, podemos reproduzi-la em uma pintura com toda a variedade de chamas e ornamentos. É muito interessante que os praticantes do tantra na Índia tenham criado uma estrutura iconográfica com as divindades vestidas com trajes reais indianos, coroas e jóias, enquanto na China [e, conseqüentemente, na Coréia e no Japão,] os praticantes do tantra tenham representado as divindades vestindo as vestes imperiais chinesas, longas túnicas com brocados e grandes mangas, usando grandes bigodes, segurando cetros chineses. [...] Se estivermos aptos a ver as energias do universo como realmente são, então as formas, cores e padrões se sugerem; Esse é o significado do Mahamudra, que significa "grande símbolo". Todo o mundo é um símbolo, não no sentido de um sinal representando outra coisa, mas no sentido de culminância das vívidas qualidades das coisas como elas são.
(Chögyam Trungpa, The Mith of Freedom and the Way of Meditation)


[A] mandala representa a auto-identificação do microcosmo (a pessoa humana) com o macrocosmo que, para uma pessoa não-iluminada, possui a natureza do samsara; reciprocamente, ela se revela como a expressão perfeita da iluminação quando todas as diferenciações errôneas desaparecem no estado iluminado da não-dualidade.

(David Snellgrove, Indo-Tibetan Buddhism)

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Texto: Vinte e Um Encorajamentos para Sermos Diligentes


 

 Vinte e Um Encorajamentos para Sermos Diligentes






I. Como Atender um Mestre Espiritual
e o Treinamento Básico da Mente

1. O Lama
Quem quer que aspire se libertar da masmorra da ignorância samsárica
Deve antes de tudo confiar em um professor espiritual.
No início, vocês devem ser sábios em buscar por um professor;
No meio, devem cuidar dele [assim] como [cuidam] de sua própria vida através dos três modos para agradá-lo;
E no fim, devem receber sua mente de sabedoria, como um vaso sendo preenchido até a boca.
Sem a confiança sobre um professor espiritual, não haveriam buddhas através dos três tempos;
Sem sermos cuidados por ele, nunca obteremos a liberação;
Quem quer que esteja sob seus cuidados alcançará a terra do êxtase eterno.
O Lama é a fonte de um oceano de siddhis.
Portanto, sejam diligentes em confiar nele da maneira correta.


2. O Nascimento Humano Precioso
Agora explicarei um pouco sobre o treinamento básico da mente.
A cidade da liberação é como uma grande ilha de jóias,
O samsara dos três mundos é como um oceano ilimitado,
Aquele que aspira à liberdade é como um forte cavalo,
O guia, o Lama, é como um bom capitão,
O corpo humano abençoado com liberdades e dotes é como um precioso navio.
Tendo considerado as causas, símiles e comparações numéricas,
Se vocês não extraírem agora a essência desta vida humana,
Como poderão esperar obter essa liberdade novamente?
Portanto, sejam diligentes em extrair a essência de suas liberdades e dotes.

3. A Impermanência
A morte e a impermanência nos fazem sentir como uma lamparina de manteiga ao vento —
O mensageiro do Senhor da Morte é mais rápido que o relâmpago.
Se vocês não montarem o cavalo do forte empenho,
Como alcançarão a margem distante do samsara?
Sejam diligentes em não ter quaisquer necessidades ordinárias.

4. O Karma
As infalíveis leis da causa e efeito são similares ao plantio de sementes.
Se falharem em distinguir minuciosamente o que deve ser feito e o que deve ser evitado
Quanto às ações positivas e negativas, sejam grosseiras ou sutis,
Como vocês poderão ceifar a colheita da virtude?
Portanto, lembrando-se da causa e efeito, sejam diligentes nas ações que vocês fazem ou evitam.

5. O Sofrimento
Os três mundos do samsara são como um continente de ogras,
Enganosamente atrativas na guisa de uma bela —
Se vocês não cortarem drasticamente os nós dos apegos,
Como alcançarão a outra margem do oceano da existência?
Portanto, sejam diligentes em cortar profundamente o agarramento dentro de si.

6. O Refúgio
A preparação para todos os Dharmas virtuosos é tomar refúgio.
Se não assentarem o fundamento de todos os votos,
Vocês serão como uma criança construindo castelos de areia infinitamente.
Como vocês obterão a mansão excelente e eterna?
Portanto, sejam diligentes em observar os preceitos dos votos de refúgio, a raiz de todos [os outros votos].

7. A Bodhichitta
O grande caminho atravessado por todos os buddhas e bodhisattvas
É a mente iluminada da bondade amorosa e da compaixão, tanto como compromisso quanto como prática —
Se vocês não treinarem na troca ou equação de si mesmo com os outros,
Como abrirão o tesourou do altruísmo?
Portanto, sejam diligentes em desenvolver a atitude iluminada do Mahayana.

8. A Purificação de Vajrasattva
Os meios grandes e fáceis para purificar nesta vida
Os atos não-saudáveis acumulados durante muitos éons
São a característica especial do Mantrayana —
Se vocês não aplicarem os pontos chave do antídoto das quatro forças,
Como escaparão da armadilha dos dois obscurecimentos?
Portanto, sejam diligentes em praticar a recitação e meditação sobre Vajrasattva.

9. A Oferenda de Mandala
Chamamos de Buddha àquele que guia os três mundos da existência
Como resultado de ter acumulado mérito e de ter se purificado durante muitos kalpas.
Se alguém tão obscurecido quanto eu não fizer esse mesmo esforço,
Como ele obterá o fruto do amadurecimento e purificação?
Portanto, sejam diligentes em fazer oferendas de mandala, que trazem acumulação e purificação.

10. O P'howa
Se vocês não tiverem a confiança de que podem dominar as experiências do bardo,
Sem estarem seguros sobre o método fornecido pelo hábil e compassivo para os grandes pecadores
Atingirem energeticamente o estado búddhico sem meditar,
Como poderão escapar dos tortuosos desfiladeiros do bardo da existência?
Portanto, sejam diligentes em tomar o caminho da transferência [de consciência].

 

11. O Chöd
Para o yogi dotado de confiança na visão e meditação,
Todas as experiências agem como um leque ajudando um fogo a queimar —
Se vocês não tiverem o Dharma supremo da pacificação do sofrimento,
Como cortarão os elos amarrados pelos quatro demônios?
Portanto, em todos os tempos, sejam diligentes na prática de cortar completamente o ego.





II. A Prática Principal

12. Os Três Votos
Em segundo, explicarei um pouco sobre a prática principal.
Se a renúncia, os votos da liberação pessoal, a compaixão, a bodhichitta
E a união de aparências e vacuidade do Mantrayana secreto —
Os pontos vitais dos três votos — não estiverem completos,
Como vocês atingirão o estado búddhico consumado?
Portanto, sejam diligentes em cultivar a atenção e a preocupação cuidadosa.

13. O Conhecimento
Alguém com conhecimento insuficiente se parece como uma pessoa mutilada tentando escalar uma rocha;
Alguém que estuda as escrituras para se tornar um erudito
É como uma pessoa que procura por armas letais.
Resumindo, se não conhecerem sua própria tradição,
Como vocês — como uma pessoa cega perdida no meio de uma vasta planície — encontrarão o caminho?
Portanto, sejam diligentes em trazer sua experiência à sua profundidade última.

14. Os Sinais de Realização
Como sinal de ter aprendido, seu orgulho deve recuar;
Como sinal de ter meditado, suas emoções devem diminuir —
Se não há sinais dizendo que vocês fundiram o Dharma com seu ser,
Como um mero reflexo de conhecimento e meditação fará alguma bem?
Portanto, sejam diligentes em domar o seu próprio ser.
 

15. Os Três Venenos
A tradição espiritual dos sutras e tantras é imensamente vasta;
Porém, não há outro modo de examinar as emoções obscurecedoras, os três venenos —
Na raiz de todos, se vocês não subjugarem suas próprias mentes caprichosas,
Como cortarão a raiz principal do samsara?
Portanto, sejam diligentes em escrutinar suas próprias faltas.

16. Os Três Veículos
Sem confiança em cada um dos três veículos —
Nos votos da liberação individual, dos bodhisattvas e dos mantras —,
Para cortar aquela velha árvore dos três venenos
Que está de pé no meio da planície do samsara,
Como poderiam haver meios de transformar os seres de diferentes disposições mentais?
Portanto, sejam diligentes em suprimir a raiz, os três venenos.

17. Domando os Três Venenos
De acordo com o treinamento para a liberação individual,
Cortaremos cada folha e cada galho ao custo de grande dificuldade;
De acordo com o Mahayana, faremos apodrecer as raízes
E em seguida os galhos e folhas secarão todos de uma vez;
De acordo com o Mantrayana, experienciaremos tudo como o caminho,
Assim como um pavão que se alimenta de plantas venenosas —
Se vocês não realizarem o objeto real disto,
Como se tornarão um vaso para os três votos?
Portanto, focalizem diligentemente sobre os meios de domar os três venenos.

18. Os Três Votos
Se os três votos não forem transmutados, vocês não realizarão sua unidade.
A árvore dos preceitos do Bodhisattva, enraizada nos votos de liberação individual,
produz os frutos do Mantrayana —
Se vocês não tiverem confiança no modo de melhorar suas respectivas qualidades,
Como poderão levar os três votos no caminho?
Portanto, sejam diligentes nesta raiz de todos os Dharmas.

19. Desenvolvimento e Completude
Apesar de a visão clara e de o orgulho [divino] firme serem enfatizados no estágio de desenvolvimento,
Ter consciência dos significados simbólicos e da natureza ilusória
Permite que o estágio de completude transcenda os quatro extremos conceituais —
Se vocês não realizarem a união do desenvolvimento e da completude, dos meios e da sabedoria,
Como se desembaraçarão dos apegos dualistas?
Portanto, sejam diligentes em perceber aparência e vacuidade como inseparáveis.
 

20. A Natureza Última
De acordo com a Grande Perfeição, os fenômenos são o vasto jogo das aparências.
Quando treinarem em experienciar todas as aparências como ilusões vazias de realidade,
Se vocês não realizarem que as aparências são a mente e que tudo é a pureza primordial,
Como poderão expressar isto como palavras convencionais?
Portanto, sejam diligentes em manter o reconhecimento da natureza última.




III. Conclusão
21. A Não-meditação
Por último, explicarei a parte conclusiva.
A não-meditação é a meditação suprema.
Porém, se os principiantes forem atraídos pela mera palavra "não-meditação",
Eles cairão presas da distração. Então, se vocês não desenvolverem diligência,
Uma estabilidade inicial na meditação não os levará à liberação;
Portanto, sejam diligentes em manter a continuidade do estado desperto.
Se praticarem deste modo, vocês realizarão os desejos de seu Lama,
Recompensarão a bondade de seus pais e realizarão tanto as suas metas quanto as dos outros.
No presente, vocês terão um estado mental feliz;
Definitivamente, vocês obterão a cidadela de Samantabhadra.

Ó discípulos afortunados do pai único, Pema,
Não deixem estes Vinte e Um Conselhos para Sermos Diligentes
Sobre as paginas deste livro, mas coloquem-nos sobre suas mentes!

Estas palavras foram ditas pelo velho pai ignorante, sem Dharma, com longos cabelo e sem pensamentos,  Kama Raja [Tertön Pegyal Lingpa (1924-1988)].
Tendo sido requisitado por um yogi de nome Druk, em uma carta acompanhada por finos presentes,
E persuadido por discípulos liderados pelo diligente praticante Ngador, que disse que eles precisavam de um conselho assim,
Eu, o pior discípulo na excelente linhagem
Do supremo e autêntico Lama Jamgön Dharma Mati [Jamyang Khyentse Chökyi Lodrö (1893-1959)],
Escrevi isto no excelente e glorioso lugar sagrado de Senge Dzong Ke'u Tsang.
Pelo mérito disto, rogo para ser capaz de levar todos os seres sencientes, sem esforço,
Ao nível de Samantabhadra, a expansão absoluta interior.
Possam as aspirações de todos os devotos ser realizadas!

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Frase: Deepak Chopra



Sempre presente, que tudo impregna,
Que tudo conhece, eterno, sem motivo ou causa.
Maior que os maiores.
Menor que os menores.
Começas tua jornada como uma partícula de inteligência.
Alimento, imagens, lembranças e desejos,
Transformam-te em células, olhos, ouvidos e pele.
Curvando-te para trás dentro de ti mesmo,
Crias sempre, vez após vez.

~Deepak Chopra

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Mantra: Guru Puja



Guru Puja

shree guru charana Padma
kevarla bhar kartee sadma
bhando mooee savad harna mar teyyy


Translation:
The lotus feet of our spiritual master are the only way by which we can attain
pure devotional service. I bow to his lotus feet with great awe and reverence.
By his grace one can cross the ocean of material suffering and obtain the mercy of Krsna.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Mantra: He Govinda He Gopala



He Govinda He Gopala

He Govinda He Gopala He Daya lulal
(O Govinda, O Gopala, O Ocean of Mercy)

Prana Natha Anatha Sakhe
(O Lord of my life you are my only true friend)
Dina Darda Nivara
(The only protector of this unfortunate soul)

He Samaratha Agamya Purana
(O eternal Divine “King”, I am unfit to approach you as I am)
Moha Maya Dhara
(holding on to my illusions and attachments)

Andha Kupa Maha Bhayana
( I have fallen into this andha kupa- deep dark well of ignorance)
Nanaka Para Utara
(You are my only shelter and means of deliverance)

He – O Govinda – name for Krishna which means the reservoir of all pleasure
Gopala – name for Krishna which means the transcendental friend and protector of the cows Daya - mercy lulal – ocean
Prana – life Natha - Lord Anatha - no other Sakhe - friend

domingo, 22 de novembro de 2009

Mantra: Jaya Radha Madhava



Jaya Radha Madhava

jaya radha madhava
jaya kunja bihari
jaya gopi jana vallabha
jaya giri vara dhari
yasoda nandana
vraja jana ranjana
yamuna tira vana chari


Translation:
Krishna is the divine lover of Radha, his eternal consort
He displays amorous pastimes in the groves of Vrindavana
He is the divine lover of the gopis (cowherd maidens of Vraja)
and the holder of the great hill named Govardhana
Although unborn He plays the role of the beloved son of mother Yasoda
He is the delighter of the inhabitants of Vraja
and he wanders in the forests along the banks of the river Yamuna.

sábado, 21 de novembro de 2009

Mantra: Om Namo Narayana



Om Namo Narayana

Om namo Narayana
jaya Govinda Hari Govinda
Narayana Narayana

jaya Gopala Hari Gopala
Narayana Narayana


Translation:
Om – the impersonal sound representation of Krishna & the transcendental sound vibration used in the beginning of Vedic Hymns.
Namo - obeisance’s
Narayana – a four armed expansion (incarnation) of Krishna
Jaya – all glories
Govinda – name for Krishna which means the reservoir of all pleasure
Hari – name for Krishna which means He who takes away all suffering
Gopala – name for Krishna which means the transcendental friend and protector of the cows

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Mantra: Raghupati Raghava raja Ram



Raghupati Raghava raja Ram

Raghupati Raghava raja Ram patita pavana Sita Ram
Sita Ram jaya Sita Ram Bhaja pyare tu Sita Ram
Ishwara Allah tero naam Saab ko Sanamati de Bhagavan

Translation:
Divine Lord Rama, you have appeared in the Raghu Dynasty
O divine couple Sita and Rama you are the saviours of the fallen souls
Beloved, worship Sita and Rama
God is one but his names are many
O Lord, bless everyone with wisdom

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Mantra: Govinda Jaya Jaya



Govinda Jaya Jaya

Govinda jaya jaya 
Gopala jaya
Govinda jaya jaya
Radha-ramana Hari 
Govinda jaya jaya
Govinda Govinda jaya
Govinda jaya 
Gopala jaya


Translation:

Govinda – name for Krishna which means the reservoir of all pleasure
Jaya– all glories
Gopala – name for Krishna which means the transcendental friend and protector of the cows
Radha-ramana - the Divine lover of Radharani (Krishna’s eternal consort and expansion of Krishna’s spiritual internal, pleasure giving potency)
Hari – name for Krishna which means He who takes away all suffering

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Mantra: Maha mantra



Maha mantra



Hare Krishna Hare Krishna
Krishna Krishna Hare Hare

Hare Rama Hare Rama
Rama Rama Hare Hare


Translation:


Hare – name for Krishna which means He who takes away all suffering
Also delineates the divine energy of the Lord
Krishna – the all-attractive Supreme Personality of Godhead
Rama – name for Krishna which means the bestower of spiritual pleasure

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Mantra: Siksastaka



Siksastaka

yugayitam nimesena
cak shusha pra vri shy itam
sunjayitam jagat sarvam
govinda vira hena may




Translation:
O Govinda! Feeling Your separations I am considering a moment
to be like twelve years or more.
Tears are flowing from my eyes like torrents of rain,
and I am feeling all vacant in the world in Your absence.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Mantra: Radhe Govinda



Radhe govinda

radhe radhe govinda
govinda radhe
radhe radhe govinda
govinda radhe

domingo, 15 de novembro de 2009

Mantra - Invocação à Paz



Invocação à Paz


OM svasti prajābhyah paripālayantām
nyāyena mārgena mahīm mahīāh
gobrāhmanebhyah subhamastu nityam
lokāh samastāh sukhino bhavantu
kāle varsatu parjanyah
prthivi sasyasālinī
deo yam ksobharahitah
brāhmanāssantu nirbhayā


OM sarvesām svastirbhavatu
sarvesām sāntirbhavatu
sarvesām pūrnam bhavatu
sarvesām mangalam bhavatu
sarve bhavantu sukhinah
sarve santu nirāmayāh
sarve bhadrāni payantu
mā kacidduhkhabhāgbhavet


OM asato mā sadgamaya
tamaso mā jyotirgamaya
mrtyormā amrtam gamaya


OM pūrnamadah pūrnamidam
pūrnāt pūrnamudacyate
pūrnasya pūrnamādāya
pūrnamevāvaisyate

OM āntih āntih āntih



OM que haja felicidade para todas as pessoas;
que os governantes governem o mundo no caminho da justiça;
que haja sempre o bem para os sábios e para os animais;
que todos os seres sejam felizes.

OM que a chuva venha no tempo certo;
Que a terra seja fértil;
Que o país esteja livre de agitação;
Que os sábios estejam livres do medo.

OM que todos sejam prósperos;
Que todos tenham paz;
Que todos tenham plenitude;
Que todos estejam bem;
Que todos sejam felizes;
Que todos sejam saudáveis;
Que todos vejam o bem;
Que ninguém sofra.

OM que se vá a não-verdade e venha a verdade;
Que se vá a escuridão e venha a luz;
Que se vá a morte e venha a imortalidade.

OM A causa do universo é plena,
o universo é pleno.
Do pleno veio o pleno,
Tirando o universo pleno do pleno Senhor,
Que é sua causa,
Somente sobra o pleno,
o Senhor que é ilimitado.

OM Paz. Paz. Paz.

sábado, 14 de novembro de 2009

Mantra - Nityam Shudham



Nityam Shudham



Nityam Shudham nirábhasam
Nirakaram nirainjanam
Nityabidham cidanadam
Guru Brahma mananryaham

Oh ser infinito.
Que expressa o ser supremo e
Permeia os mundos animado e inanimado,
Eu saúdo o amável guru.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Mantra - Oferenda



Oferenda



Om
Brahmarpanam brahma havir
Brahmagnau brahmanáhutam
Brahmaiva tena gantavyam
Brahmakarma samádhiná

Brahma é a ofereda, Brahma é o que é oferecido.
Brahma é quem oferece.
Somente Brahma é a meta de quem oferece
Brahma é a ação que leva ao Samadhi.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Mantra - Máha mrtyuñjaya mantra

Tryambakam



om tryambakam yajamahe sugandhim pushtivardhanam
urvarukamiva bandhananmrtyormukshiya ma’mrtat

Om
Tryambakam Yajaamahe
Sugandhim pushtivardanam
Urvaaru kamiva bandhanaat
Mrtyor mukshiya maamrtaat

Peço ao Senhor Shiva, o que tem 3 olhos,
Aquele que é o Senhor de todos os sentidos e qualidades que é o que sustenta todo o crescimento.
Que ele nos liberte do ciclo de renascimento e morte
____

tryambhakam aquele que tem três olhos (Shiva ); yajámahe – oferecer reverência; sugandhim – perfumado; pushtivardhanam – aquele que garante a prosperidade; urvárukam – melão de água; iva – como; bandhanat – da escravidão, das amarras; mrtyoh – da morte; mukshíya libertar; – não; amrtat – da imortalidade.
Om. Ofereço reverência ao perfumado que tem três olhos (Shiva), que garante a prosperidade. Possa ele nos libertar da escravidão da morte da mesma forma que a fruta madura se liberta sem esforço e não nos deixa afastar da imortalidade

Tradução de acordo com a tradição de ensino de Swami Dayananda

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Mantra - Guru puja



Guru puja



Om
Guru Brahma guru vishnu
Guru devo maheshvarah
Gurudeva parama brahma
Tasmae shri gurave namah

Eu saúdo o amável guru que é Brahma, o criador
O Guru é Vishnu, o mantenedor
O Guru é Maheshvara (shiva), o destruidor,
O Guru é a própria Consciência Suprema
A este mestre divino, eu saúdo.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Mantra - Invocação à Paz



Invocação da Paz



Sahanavavatu
Saha nau bhunaktu
Saha viryam
Karavavahai
Tejasvinavadhitamastu ma
Vidvisavahai
Om Shanti Shanti Shanti

Que Ele nos proteja
Que Ele nos faça apreciar (a realidade)
Que nós tenhamos muita energia
Que nosso estudo tenha muita luz
Que nós jamais nos desentendamos
Que haja paz, paz, paz

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Mantra - Om Namah Shivaya Gurave



Om Namah Shivaya Gurave



Om
Om Namah shivaya gurave
Sat chidananda murtaye
Nisprapanchaya shantaya
Niralambaya tejase

Saudações ao eterno mestre
Que existe dentro de nos como o ser puro
Consciência pura, alegria pura
Aquele que é paz, luminoso, sem forma
Aquele que sempre nos apóia.

domingo, 8 de novembro de 2009

Mantra - Ôm Namah Shivaya


Ôm namah Shivaya


Ôm namô namah Shivaya

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