domingo, 20 de setembro de 2009

Respiração – Aspectos Psicológicos, Fisiológicos e Prânicos



Respiração – Aspectos Psicológicos, Fisiológicos e Prânicos


A ciência ocidental considera a respiração como um fenômeno fisiológico, do qual o organismo utiliza o oxigênio do ar a fim de com ele efetuar as transformações químicas necessárias para que o sangue possa distribuir "nutrição" a todas as células. Parar de respirar é o mesmo que morrer.

Para a ciência yogi a respiração é muito mais do que um fato fisiológico. É também psicológico e prânico. Em virtude de fazer parte dos três planos - fisiológico, psíquico e pranico -, a respiração é um dos atos mais importantes de nossa vida. É por seu intermédio que logramos acesso a todos eles. Por outro lado, é ela o único processo fisiológico duplamente voluntário e involuntário. Se quisermos, podemos acelerar, retardar, parar e recomeçar o ritmo respiratório. É possível realizá-la de forma mais profunda ou superficial. No entanto, na maioria do tempo, nos esquecemos dela inteiramente, deixando-a por conta da vida vegetativa. É principalmente graças a ela que um yogi avançado consegue manobrar fenômenos fisiológicos.

A psicanálise pôs ás claras a existência de um “eu” profundo, uma personalidade inconsciente, que estruturada com impulso e tendências instintivas, procura manifestar-se no nível desconhecido e misterioso de cada um de nós. Uma outra personalidade, que meridianamente cada um se reconhece ser, é estruturada á base de comportamentos aprendidos e socializados. Esta dicotomia alimenta um estado de tensão permanente. Pois o eu consciente, vigilante, teme e sufoca a livre expressão do eu profundo. Este, na interpretação de Freud, feio, erótico e anti-social, é alimentado pelas freqüentes repressões a que o eu consciente o submete. Do eu profundo o que podemos dizer é que ele é desconhecido e rebelde ao controle, mas não podemos concordar que seja apenas sujeira e negrume. Podemos dizer, isto sim, que as energias que consigo guarda, e que, no homem vulgar são desconhecidas pelo eu consciente, têm sido apenas temidas e recalcadas. Submetidas, mas não vencidas, permanecem, criando conflitos e, como uma mola comprida, são perigosamente capazes de vencer o controle e soltar-se, muitas vezes, desastrosamente.

Visando à unificação da personalidade, por meio de auto-análise e da psicanálise, tentativas são feitas no sentido de um "tratado de paz e mútua colaboração" entre estes dois partidos que dividem o "reino interno" do homem. A respiração é um meio certo de obter essa unificação ou yoga.

Há em cada homem duplo ritmo respiratório. Um ligado à vida de relação ou consciente e o outro à atividade inconsciente e vegetativa. A primeira, que todos conhecem, é superficial, e a outra, profunda. Aquela se liga às atividades conscientes, características do eu superficial e consciente, e esta é própria dos mecanismos inconscientes e involuntários, ligada portanto ao eu profundo. A integração que se atinge no plano respiratório é estendida ao plano psíquico, mercê da integração dos dois sistemas nervosos: cerebrospinal e simpático. Consegue-se isto com a prática da respiração integral, que, começando como respiração superficial, vai se aprofundando progressivamente até a meta final. Porém, não se deve entender como respiração profunda apenas o inspirar sob grande esforço com o fim de encher ao máximo o pulmão.


A) Aspecto psíquico da respiração

Para melhor evidenciar a natureza psíquica da respiração, basta considerar as alterações rítmicas funcionais que concomitantemente ocorrem com as alterações psíquicas. Na inquietude mental e emocional observa-se a respiração acelerada. Torna-se lenta nos estados em que nos achamos física, mental e emocionalmente tranqüilos. Se temos um conflito entre duas tendências ou desejos antagônicos, ela se faz irregular ou arrítmica. Se, no entanto, estamos integrados, livres de contradições psíquicas, respiramos compassadamente.
Reciprocamente, quandovoluntariamente controlamos a respiração através dos exercícios respiratórios, tornando-a lenta, induzimo-nos necessariamente à tranqüilidade emocional e mental. Ritmando-a, estabelecemos a paz entre a mente, a vontade e os impulsos antes contraditórios e opostos.


B) A respiração como fenômeno prânico

Ao tratarmos do corpo prânico chegamos a ver a respiração como o meio de que ele se serve a fim de suprir-se de energia prânica. Já vimos a importância da respiração como fenômeno polarizado, absorvendo a energia positiva --- HA---e a negativa---Tha. Energias estas que vão vivificar os chakras e circular pelos vários nadis.
Torna-se claro que ao controlarmos voluntariamente a respiração, ritmando -a, aprofundando-a, dirigindo-a, polarizando-a, o homem vai obtendo acessos a seus diferentes níveis - psíquico, fisiológico, prânico, podendo então integrá-los em seu proveito.


C) As fases da respiração

A respiração yogi se faz segundo três fases: puraka, ou inspiração; kumbhaka, ou retenção; rechaka, ou expiração.
Quando inspiramos apenas pela narina esquerda, terminal do nadi id, absorvemos prâna negativo (THA) e quando o puraka se faz pela narina direita, onde termina o nadi píngala, incorporamos prâna positivo (HA).


Fonte: do livro "AUTO PERFEIÇÃO COM HATHA YOGA" - Hermógenes

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